Postado em 04 de Março de 2019 às 11h16

GM José Fernando Cubas atuará na formação de atletas no Oeste de Santa Catarina

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Federação Catarinense de Xadrez - FCX O Grande Mestre (GM) e atleta olímpico do Paraguai, José Fernando Cubas (2505), é o novo professor de Xadrez em Joaçaba, município do oeste de Santa Catarina. Ele e a...

O Grande Mestre (GM) e atleta olímpico do Paraguai, José Fernando Cubas (2505), é o novo professor de Xadrez em Joaçaba, município do oeste de Santa Catarina. Ele e a família realizaram mudança para a cidade com o objetivo de treinar as equipes de rendimento em Joaçaba em parceria com o professor Ivacir Helbing, que já ministra aulas há vários anos. Na entrevista, Cubas conta como aprendeu a jogar, orientações para melhorar no xadrez e principalmente a expectativa para o novo desafio em Santa Catarina na Associação de Xadrez de Joaçaba (AXJ). Confira!

Quando e como começou a jogar xadrez? 

Nasci na cidade de Assunção, capital do Paraguai, e aprendi a jogar xadrez com meu pai, aos sete anos. Um dia estava jogando bola no quintal da casa e ele me disse que queria me ensinar um jogo interessante e de “gente pensante”. Ainda agregou que não queria me ver correndo atrás de uma bola! Prestei atenção e aprendi as regras básicas. Logo muitas lembranças da minha infância giram em torno do meu pai, meus irmãos e eu jogando xadrez e bebendo nosso tereré! (que é uma bebida típica do meu país).

Também fui incentivado por um amigo e forte jogador Ramón Gamarra que passou na rua da minha casa e como me viu jogando xadrez, me convidou para assistir os encontros de xadrez na casa dele com todos os jogadores do bairro! Fiquei surpreso ao ver que existiam muitos jogadores de xadrez! Aceitei o convite e quando fui entrar ele me disse “garoto, você ainda não tem força para jogar aqui!”. Foi assim que passei muitas semanas do lado de fora da casa olhando como aqueles jogadores mexiam rapidamente as peças e batiam num aparelho que parecia marcar a hora. Aquilo me deixou fascinado! Passado um tempo ele me emprestou um livro de xadrez “O mundo mágico das Combinações” de Koblenz e disse que quando eu acabasse o livro poderia entrar e jogar com eles. Acabei o livro, voltei e comecei a jogar com eles.

Por isso sempre digo que meu pai foi meu primeiro professor, pois me ensinou a jogar e o meu amigo me incentivou com aquele maravilhoso livro que abriu minha mente em relação ao xadrez.

Quais foram as conquistas mais marcantes na carreira?

Comecei a competir com nove anos. Lembro-me de dois fatos curiosos, o primeiro deles é que ia acontecer o Campeonato Nacional sub 10 e o torneio classificava o campeão para o pan-americano em São Paulo, no Brasil. A família inteira se apresentou para o evento. No final tivemos que disputar entre irmãos quem ficaria com as vagas. Consegui a sonhada vaga vencendo meus irmãos e classifiquei para o Pan. O segundo fato curioso foi que no Pan-americano fiquei em último lugar com um score de zero pontos em sete jogos! Foi uma sensação terrível. 

Como foi a evolução na carreira até se tornar Grande Mestre (GM)?

Foi um tanto natural. Foi acontecendo sem pretensões. Quando tive consciência da proximidade do título comecei a ter alguns problemas e aí o título ficou distante. Passado um tempo cheguei a pensar que poderia não acontecer. Foi quando finalmente aconteceu!

Já trabalha com o ensino de xadrez para crianças e jovens? Como pretende ajudar a desenvolver o xadrez na região Oeste de Santa Catarina?

Trabalho há um bom tempo com jogadores de todos os níveis. Tenho experiência com ensino para crianças e jovens desde o ano 2000. Acredito que para desenvolver o xadrez em qualquer lugar é importante oferecer aos atletas e, sobretudo as crianças, a oportunidade de crescer sem lacunas. A maioria dos jogadores, inclusive eu, aprende o xadrez de maneira empírica. Não temos uma Universidade ou um lugar para aprender o que é necessário saber para se tornar um bom enxadrista. Imaginem que bom seria oferecer um treinamento estruturado e programado para aqueles que demonstrassem aptidão. Este é o nosso desafio. Trabalhar desde a base.

O que uma pessoa deve fazer para evoluir no xadrez?

Acredito que precisa ser um apaixonado pelo xadrez. Isso é essencial. Muitas horas de dedicação estudando e tentando desvendar seus mistérios. Existem muitos livros de xadrez, muito material disponível na internet e a disposição de quase todos. Sinceramente não acredito que existam livros completamente ruins dos quais não possamos extrair ao menos alguma coisa útil para nós. Nesse sentido eu sou da época sem computador e de livros bons como: Roberto Grau (tomos 2 e 3 especialmente) e Meu sistema e a Prática do Meu Sistema, ambos do Nimzowitsch. E os livros de Dvoretsky também. Hoje em dia tenho a sensação de que os jogadores preferem estudar aberturas (há uma quantidade incrível de receitas para vencer na abertura) antes que o aprofundar meio-jogo ou finais.

Qual sua opinião sobre o xadrez feminino no Brasil e no mundo?

O xadrez feminino no mundo está evoluindo em quantidade e em qualidade. Por experiência própria enfrentando mulheres posso dizer que se existem diferenças, são poucas, muito poucas e acredito que tem a ver com a educação que recebemos. E isso está mudando, os tempos são outros. Se compararmos a época em que a mulher nem frequentava os ambientes de xadrez, podemos perceber que agora estão ocupando seu espaço e ficarão cada vez mais fortes.

Escrito por:

Liziane Nathália Vicenzi
Jornalista MTB 0006142/SC - Assessoria de Imprensa FCX

Crédito da fotos: AXJ / facebook pessoal José Cubas / Lizi Vicenzi

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